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Michel Alcoforado, antropólogo e sócio-fundador da Consumoteca, explica quatro processos de transformação que devem ocorrer pós-pandemia
Amanda Schnaider
28 de setembro de 2020 - 17h48
Preocupação com limpeza, nacionalismo/individualismo, vigilância e fortalecimento do sistema de saúde são os processos que pandemias desenvolvem (Crédito: reprodução)
Para ajudar as empresas a entenderem como será o “novo normal” após a pandemia da Covid-19, o Grupo RBS, um dos patrocinadores da 34ª edição do Maximídia, chamou o antropólogo e sócio fundador da Consumoteca, Michel Alcoforado. Segundo ele, ao observar outras pandemias, o mundo não ficará melhor após esse momento, em que pessoas pensarão mais no próximo e no meio ambiente. Ao contrário, o processo ficará ainda mais complicado.
“Pandemias são como traumas”, define Alcoforado. O antropólogo explica que são traumas não diretamente relacionados ao tema ou tempo em que vivemos, e sim às experiências de rupturas abruptas em nossas vidas.
Quatro grandes processos de transformação
O sócio da Consumoteca, ao analisar outras pandemias pelas quais o mundo passou, listou quatro processos de grande transformação que eventos como esse desenvolvem: preocupação com limpeza, nacionalismo/individualismo, vigilância e fortalecimento do sistema de saúde. As pessoas ficam mais preocupadas com a sua limpeza. Alcoforado citou a China de 2003 pós-pandemia de SARS Cov, quando os chineses passaram a tomar mais banho e, por isso, as vendas de sabonetes e perfume nunca mais foram as mesmas.
Além disso, outra coisa que floresce após uma pandemia é o sentimento de nacionalismo. “As sociedades, em geral, saem de pandemia cada vez mais individualizadas e preocupadas com as fronteiras nacionais e o nacionalismo”, comentou o antropólogo.
O terceiro processo é a vigilância, quando as pessoas passam a não abrir mão da segurança diante dos perigos. Já o quarto processo é a valorização dos sistemas de saúde. Alcoforado citou o NHS, sistema de saúde inglês, que foi criado na pandemia de gripe espanhola.
Efeito DAD
Para ajudar a entender o mundo após a pandemia da Covid-19, a Consumoteca desenvolveu o que chamou de efeito DAD (desmaterialização, assepsia e descontextualização). Segundo o sócio, durante a pandemia, o uso de internet aumentou, em média, 70% no mundo. No Brasil, o uso de celulares subiu na mesma porcentagem. “Vários CEOs de grandes empresas, em pesquisa recente, apontam que, em geral, a indústria avançou em poucos meses em torno de cinco a 20 anos na digitalização”.
Ao falar de assepsia, o conceito aborda qualquer contato que precise virar interação. De acordo com Alcoforado, esse mediador de segurança no ponto de venda pode ser o álcool em gel ou a medição de temperatura, mas quando se fala de construção de mercado, se fala de reputação. “Vamos ter que levar em consideração a reputação das marcas na construção do que imaginamos como seguro”, completou.
O terceiro ponto, de descontextualização, tem a ver com a mudança de vida das pessoas durante a pandemia, como a não percepção da mudança de dias da semana e a transformação da casa de lugar de cansaço em outros ambientes como trabalho e escola. Segundo Alcoforado, essa mudança impacta diretamente os hábitos das pessoas como não ter que esperar até sexta-feira para tomar uma cervejinha. “39% dos brasileiros disseram que fizeram pequenas mudanças na decoração ou na obra de sua casa para adaptar o lugar durante a pandemia”.
Esses fatores afetam diretamente as relações de consumo, como o crescimento do setor de bebidas e a mudança do setor de moda para peças mais confortáveis para ficar em casa. “Todas as estruturas e pilares que nos sustentam ruíram. Viramos desterrados em nossa própria terra”, comentou.
Alcoforado disse que devemos olhar para os verdadeiros migrantes dentro da nossa própria sociedade, como os nordestinos e gaúchos, que, mesmo não estando mais em sua terra natal, não deixam de expressar suas origens em diversas situações, como levar o chimarrão ao trabalho ou à praia.
Com isso, segundo o sócio da Consumoteca, muitas empresas têm medo de entrar no mercado do Rio Grande do Sul justamente por conta desse bairrismo, porém, para o antropólogo, é preciso, em vez de criticar, entender porquê as pessoas fazem isso. “Elas fazem isso porque mídia, comunicador e marca as ajudam a entender como elas são”. Dessa forma, Alcoforado conclui que marcas, veículos de comunicação e rituais constroem quem somos.
*Painel de patrocinador: RBS
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