Maximídia
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Eduardo Tracanella deixou o crachá de diretor de marketing institucional do Itaú Unibanco para questionar o propósito do mercado
Isabella Lessa
3 de outubro de 2018 - 12h24
Eduardo Tracanella (Crédito: Denise Tadei)
Antes de definir sobre o que seria o tema de sua palestra no Maximídia, Eduardo Tracanella pediu para não falar sobre o Itaú, onde exerce a função de diretor de marketing institucional e atacado. Vestido de maneira mais informal do que costuma ser visto em reuniões do banco ou em eventos corporativos, o executivo começou sua apresentação questionando o sentido do próprio Maximídia.
“A gente veio discutir como maximizar a mídia? Esse é um jeito meio reducionista que a gente tem de olhar para o mercado. A gente não discute o sistema viciado que a gente tem, formado por quatro partes – agência, anunciante, veículo e produtora – deveria ser um olhar mais amplo e diverso, a gente acaba subestimando as intersecções. A gente não determina objetivos comuns, que acabam sendo cada vez menos inspiradores”, disse, para então dar início ao seu raciocínio sobre pessoas e valor.
Antes que a plateia pudesse pensar que ele viria com discurso de auto-ajuda, alertou, bem-humorado, que não é hippie, afinal, trabalha em um banco. O ponto que ele quis levantar tem mais a ver com o valor do próprio mercado, que carece de autocrítica e de olhar sobre as pessoas para além da nomenclatura consumidor e, mais do que isso, sobre as relações humanas. Para ele, esse olhar sobre as pessoas é fundamental para o sucesso das organizações, tanto sob o aspecto interno quanto de entregas e resultados.
“Antes de perguntar quanto custa, se é caro ou barato, a pergunta é: o que eu conseguiria fazer somente com você? O que seria possível fazer se a gente fizesse juntos. Essa é a reflexão que sempre está subjugada no nosso mercado”, declarou, emendando que não se trata de ter prédios nababescos, puffs temáticos, prateleiras repletas de prêmios – ainda que sejam coisas legais – e tampouco chefs popstars.
E nem se trata de atrair pessoas, algo que considera uma armadilha. “Antes, a gente atraía essas pessoas e as deformávamos. Ficavam todas iguais à gente”. O desafio, disse ele, é ser escolhido pelas pessoas que têm inúmeras escolhas e estão mais empoderadas do que nunca estiveram. É pensar no que fazer para que as pessoas mais propositivas, talentosas e inspiradoras queiram trabalhar na indústria em vez de começarem a empreender seus próprios negócios.
Nesse sentido, observou Tracanella, os presentes na sala do Maximídia, ele mesmo incluso, devem refletir sobre suas capacidades de liderança. E isso estende-se a qualquer profissional, membro ou não do board de diretores. Para fazer esse exercício, Tracanella sugeriu algumas palavras-guia:
Empatia
“Reconhecer diferenças, entender o que é importante para o outro”
Humildade
“Nossa indústria calça um salto alto enorme. Desendeusem-se. O que a gente faz é legal, mas não é a coisa mais importante do mundo. Porém podem construir um valor menos mundano e mais de longo prazo. A vocação do líder é servir”.
Futurista
“As coisas estão mudando e isso é legal. Entendam a cultura popular para construir”.
Inventivo
“Criatividade não é tangível, inventivo é um passo à frente. Criatividade é combustível para inventividade, para a criação de coisas reais e tangíveis”.
Tecnólogo
“As pessoas que vão ter sucesso são aquelas que minimamente entendam sobre tecnologia para aumentar impacto e experiência. No futuro, o CMO será mistura de marketing com cultura”
Questionador
“Precisamos dar espaço para o questionamento. E para isso não podemos ficar crachazando as pessoas. É preciso coragem para desafiar o status quo”.
Humanitário
“O lado humano vai ser o diferencial em uma realidade em que as máquinas fazem o que a gente não consegue fazer”.
Propositor
“Incentivar que as pessoas possam colocar seus propósitos em perspectivas. Do contrário, vamos perde-las do ponto de vista física e de alma”.
Além do traje mais informal, Tracanella trouxe uma visão mais intimista para o palco com duas histórias pessoais: a de seu pai, que morreu jovem demais e odiava seu emprego; e a de sua filha Maria, por quem começou a se questionar se valia a pena sair de casa para passar o dia todo em um banco. “A gente não tem mais tempo, tem menos dinheiro mais desafio e mais incertezas. Precisamos parar de ser um mercado egoísta. Nosso valor vai ser construído a partir das pessoas e de suas diferenças. Por que deixar sua Maria em casa para fazer o que você faz? No meu caso é a Maria, mas nem precisa ser uma pessoa, pode ser aquilo que você mais gosta”, finalizou.
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